Tradicionalismo Gaúcho

A Indumentária

O MTG, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha definiu as diretrizes para a Pilcha Gaúcha. Define três tipos de indumentária igualmente para peões e prendas:
Pilcha para atividades artísticas e sociais
Pilcha Campeira
Pilcha para a prática de esportes (truco, bocha campeira, tava, etc)

Pilcha masculina

Bombacha

De origem já descrita aqui. São largas na Fronteira, médias no Planalto e estreitas na Serra, quase sempre com "favos de mel". Necessariamente de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas laterais. Em ocasiões festivas tem cores claras, sóbrias e escuras para viagens ou trabalho.

Camisa

Cores sóbrias ou claras, com padrão liso ou riscado discreto com gola esporte ou social. Mangas curtas para ocasiões informais ou de lazer e longas para eventos sociais-formais.

Lenço


Atado ao pescoço, de uma ou duas cores ou xadrez miúdo e mesclado. Na cor vermelha, branca, azul, amarelo, encarnado, preto (para luto) e bege. Xadrez de branco e preto é para luto aliviado.

Existem diversos tipos diferentes de nó:
Comum: Simples e ximango
Farroupilha: Três-galhos, amizade, saco-de-touro
Pachola: 2 posições - destro e canhoto
Republicano: Borboleta e dois-topes
Quadrado: Quatro-cantos, rapadura e maragato
Namorado: 3 posições - Livre, querendão e apaixonado
Crucifixo: Religioso

Pala


Diferentemente do poncho, cuja origem é gauchesca e que serve para proteger apenas do frio e da chuva, o pala tem origem indígena e serve para proteger contra o frio, sendo de lã ou algodão, e de seda para proteger contra o calor.

Bota


O uso de botas brancas é vedado.

Guaiaca (espécie de cinto)

Para guardar moedas, palhas e fumo, cédulas, relógio e até pistola.

Esporas


Chilenas" ou "nazarenas" de prata ou de metal.

Tirador

Para lida campeira, sem enfeites.

Colete

Chapéu e barbicacho

Usados como proteção contra o sol. Não é recomendado o uso do chapéu em lugares fechados, como no interior de um galpao.

Paletó

Faixa

Tira de pano, preferencialmente de seda, usada na cintura com o propósito de prender a bombacha.

Faca

Pilcha feminina

Procura não contrastar com o recato da mulher gaúcha, havendo recomendações quanto a mangas, decotes, golas, cabelos, maquiagens, etc.

Traje

Vestido, saia e casaquinho, de uma ou duas peças, com a barra da saia no peito do pé. Pode ser godê, meio-godê, em panos, em babados, ou evasês.

Saia de armação

Discreta e leve, na cor branca, diferentemente da indumentária típica baiana.

Bombachinha


Ciroulas na cor branca, de comprimento até os joelhos. Pode ser rendada ou não.

Meias

As meias devem ser longas, brancas ou beges, para moças e senhoras, admitindo-se as coloridas discretas para as meninas (mirins). As mais maduras podem usar meias de tonalidades escuras.

Sapatos

Os sapatos (pretos, brancos ou beges) podem ter salto 5 ou meio salto com tira sobre o peito do pé, que abotoe do lado de fora, para moças e senhoras. As meninas (mirins) usarão sapatos com tira sobre o pé, tipo sapatilha. Também podem ser usadas botinhas fechadas atendendo as respectivas descrições.

Acessórios

Permitidos - Fichu de seda com franjas ou de crochê, preso com broche ou camafeu, chale (especialmente para as senhoras), brincos discretos, anéis (um ou dois), camafeu ou broche, capa de lã ou seda, leque, faixa de prenda ou crachá, chapéu (em ambientes abertos).
Não permitidos - Brincos de plástico ou similar colorido, relógios e pulseiras, luvas ou meia-luvas e colares. Sombras, batons ou unhas coloridas em excesso, sapatilhas amarradas nas pernas, saias de armação com estruturas rígidas.

Cabelo
O cabelo é preso pela medade, para as meninas (mirim), e para senhoras e moças é feito um cóque, mas sempre com uma "presilha".
Da mesma forma que existe para o peão há para as prendas a pilcha para lida campeira e para prática de esportes, sendo semelhante à masculina, inclusive com bombacha (bombacha feminina).

É vedado para todas as situações, por não fazer parte da indumentária gaúcha:
Bonés e boinas
Barbicachos exclusivamente de metal
Chapéus de couro, palha, ou qualquer outro material sintético
Cinto com rastra (enfeite de metal com corrente na parte frontal)
Botas de borracha ou de lona.

Curiosidades:


O lenço vermelho (maragato) e o lenço branco (ximango) são os mais tradicionais, identificando, na Guerra dos Farrapos (1835-1845), na Revolução Federalista (1893-1895) e na Revolução de 1923, os diferentes lados envolvidos nas contendas. É corrente o uso dessas cores para demonstrar simpatia/concordância com maragatos ou ximangos.

Em determinados Centro de tradições Gaúchas (CTGs) não se permite à participação nos bailes de peões ou prendas que não estejam adequadamente pilchados.

Peão é o homem gaúcho, prenda a mulher gaúcha, guri o menino gaúcho e piá a criança gaúcha.

Pago é a terra natal do gaúcho, querência é onde está morando. É comum ouvir: "Meu pago é o Alegrete mas estou aquerênciado em Rondônia.


Folclore Sul-Rio grandense

Gastronomia
A natureza do Brasil ofereceu, tanto a seus habitantes primitivos como aos colonizadores (que, aqui aportaram) grande variedade de alimentos. Outros aclimataram-se, por introdução dos portugueses, ao fazer roças, hortas e fomentar criações domesticas (galinhas, porcos, ovelhas, cabras, gado vacum). 
Especiarias, sal, açúcar foram valiosas contribuições trazidas pelo português à cozinha brasileira. 
Segundo Câmara Cascudo (História da Alimentação no Brasil) “todos os pratos nacionais são resultantes de experiências construídas lentamente, fundamentadas na observação e no paladar. Maneiras de preparar a comida, receitas, utensílios empregados, tudo mesclou-se e adaptou-se às possibilidades do meio. 
Heranças ameríndias, bem como africanas, transformaram-se, ajustaram-se ao tempero e ao sabor portugueses, às exigências dos utensílios da cozinha européia, ao fogão, ao forno. 
Inúmeros pratos conservam, ainda, nome indígena ou africano; mas quase nada existe de autentico na substância real. 
Quanto a outras influências, observa o autor citado: “...houve um processo da aculturação continuo na cozinha brasileira que ainda não terminou, pois está sendo enriquecido por inúmeros grupos migratórios”. 





Na alimentação do sul-rio-grandense, além das contribuições dos colonos de várias etnias, verifica-se a introdução de pratos internacionais, especialmente em área urbana, em restaurantes diferenciados. 
Para o estudo da cozinha gaúcha, devem-se considerar as particularidades regionais: a Praiana (à base de produtos do mar); a cozinha da Campanha e Missões (predominando as carnes vacum e ovina); a da região dos Campos de Cima da Serra (onde o pinhão tem presença e o café com graspa sobrepõem-se ao chimarrão). 
O churrasco, assimilado por diversos grupos, é largamente apreciado reunindo pessoas em dias festivos. O arroz “carreteiro” aparece em quase todo o Estado. 
É herança indígena na cozinha gaúcha: utilização da mandioca e de seus produtos (farinha, tapioca, beju, pirão, mingau); uso do milho assado, cozido e seus derivados (canjica, pamonha, pipoca, farinha). Aproveitamento, de plantas nativas (abóbora, amendoin, cara, batata-doce, banana, ananaz). Cozimento dos alimentos na tucuruva (trempe de pedras), no moquém (grelha de varas) para assar carne ou peixe. Preparo do peixe assado envolvido em folhas; moqueca e também paçoca de peixe ou de carne (feita no pilão). Uso de bebidas estimulantes: mate e guaraná. 
A mulher portuguesa valoriza os produtos do solo americano; aproveitou as especiarias da Índia (cravo, canela, noz-moscada). Criou novos pratos, adaptou outros e conservou algumas receitas tradicionais (bacalhoada, caldo verde, acorda, pasteis, empadas, feijoada, cozido, fatias douradas, coscorões, pão-de-ló, papo-de-anjo, sonhos, pães, compotas, marmeladas, frutas cristalizadas, licores. 
A culinária luso-brasileira pode ser assim distribuída pelas regiões gaúchas: Litoral (com influência açoriana) – peixe assado, grelhados, fervido, desfiado, moqueca de peixe, siri na casca, marisco ensopado, arroz com camarão, camarão com pirão. Pirão de água fria, pirão cozido, farofa, cucus torrado, beju, angu de milho, mingau de milho verde, paçoca de carne desfiada, lingüiça frita, feijão mexido, fervido de legumes, açorda, canja, galinhada, fervido de suquete (osso buco), mocotó, bolo de aipim, pães caseiros, “massas doces” (pão doce sovado) “farte” (pão com recheio de melado), melado com farinha de mandioca, roscas de polvilho, roscas de trigo (fritas), rosquetes, “negro deitado” (bolo de panela), bolo frito, sonhos, omelete de bananas, banana frita, pão-de-ló, sequilhos, rapaduras (com diferentes misturas), pé-de-moleque, “puxa-puxa”, balas diversas, pasteis doces e salgados, doce de panela (de frutas), doce de leite, amobrosia, fatias douradas, bolos, pudins, empadas.
Bebidas – Concertada (vinho com água e açúcar), Queimadinha (queimar cachaça com açúcar), Licores diversos (de vinho, de ovos, de butiá, de abacaxi etc), Café, mate-doce. 
Cozinha Depressão Central (influência açoriana e outras) – Canja de galinha, sopas diversas, feijoada, feijão branco, fervido (com legumes e carne), feijão mexido, quibebe, paçoca de favas, arroz de forno, carne de panela, carne assada no forno, bife enrolado, bife à milanesa, guizado de carne, bolo de arroz, pão recheado, empadas, pasteis, “rosinhas” de massa, ovos mexidos, ovos escaldados, “roupa velha” (sobras), peixe recheado, peixe escabeche, peixe frito, bacalhoada, bolinho de bacalhau. Conservas de pepino e cebola. Galinha assada, galinha recheada, arroz com galinha. Pães de forno, pão de panela, “mãe-benta”, biscoitos, “calça-virada”, coscorões, fatias-do-céu, merengues, broas, pudim de laranja, ambrosia de laranja, “manjar celeste”, pudim de pão, “ovos moles”, “fios-de-ovo”, arroz-de-leite, “bom-bocado”, mandolate, balas de leite, de mel, tortas (doces), pé-de-moleque, “farinha de cachorro” (farinha de mandioca com açúcar). 
Bebidas: gemada com vinho, licor de vinho, licores com furtas, vinho de laranja. 
Cozinha da Campanha – Carnes (vacum, ovino) grelhada, no espeto, no forno. Arroz “carreteiro”, espinhaço de ovelha ensopado, pasteis, empadão, feijão, “cabo-de-relho” (sobras). Pães caseiros (ao forno), pão “catreiro” ou “de pedra” (aquecidos sobre pedra ou chapa quente), roscas de milho, “farinha de cachorro”, ambrosia de pão, doces de “panela” (marmelada, e em calda). 
Bebidas: chimarrão. 
Cozinha “Serrana” – Carne assada, frita, mocotó, feijoada (de feijão preto e branco), charque com mandioca, paçoca de pinhão com carne assada, couve refogada, couve com farinha, galinha assada, arroz com galinha e quirela de milho, batata-doce, moranga, milho cozido, cuscuz, farinha de biju com leite. Doce de gila, “jaraquatia”, sagu com vinho, arigones, arroz doce, doce de frutas (pêssego, figo, pêra), ambrosia, doce de leite, “chico balanceado” (doce de aipim), doce de batata doce. 
Bebidas: “Camargo” (café com apojo), quentão de vinho, café com graspa. 
Cozinha da região Missioneira - Carnes (vacum, ovino) assada no forno, no espeto, grelhada, frita na panela, sopa de lentilhas, sopa de cevadinha, feijoada, “puchero”, “gringa” (moranga) caramelada, pirão de farinha de milho, canja, couve com farofa, matambre com leite, fervido de espinhaço de ovelha com aipim. Canjica, guizado de milho, pasteis, empadão, revirado de galinha, revirado de sobras, lingüiça frita, paçoca de charque, galinha assada. Pão de forno, pão de borralho, bolo frito, biscoitos, pão-de-ló, geléia de mocotó, doce de jaraquatia, pêssego com arroz, arigones, tachadas (marmelo, pêssego, pêra), doce de laranja azeda cristalizada, doce de leite, rapadura de leite, gemada com leite, bolos. 
Bebidas: chimarrão, mate doce, mate com leite. 
Colônia alemã – Carne de porco (assada e frita), wurst (lingüiça), chucrut (conserva de repolho), nudeln (massa), kles (bolinhos de farinha de trigo com batata cozida), conserva de rabanete, galinha assada, sopa com legumes e ovos, kas-schimier (ricota), kuchen (cuca), leb-kuchen (cuca de mel), mehldoss (doces de farinha de trigo), schimier (pasta de frutas), syrup (frutos cozidos com melado), weihmachts (bolachinhas), bolinhos de batata ralada, pão de milho, de centeio, de trigo, tortas doces. Café colonial (salgadinhos, salames, queijos, bolos). 
Bebidas: Das bier - cerveja, chop. Spritzbier (gengibirra). Assimilaram o chimarrão. 
Colônia Italiana – Brodo (caldo de carne), carne Lessa (carne cozida n´agua), capeleti (massa com recheio de carne picada) o mesmo que Agnolini, menestra ou aminestra (sopa, canja), galeto a menarôsto ( frango no espeto), ravióli (massa com recheio), tortei (pastel cozido recheado com moranga ou abóbora), macarôn (massa), spagueti (massa cortada), fidelini (massa fina), polenta (angu de farinha de milho), risoto (arroz com galinha e queijo ralado), pizza (massa de pão com molho e queijo), pera cruz (bolo fervido em calda de frutas), pães de trigo e milho, panetone (pão com frutas cristalizadas), salames, queijos. 
Bebidas: vinho, graspa.




O Chimarrão é um legado do índio Guarani.
       Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na tradição representativa do nosso pago. Também conhecido como mate amargo, como bebida preferida pelo gaúcho, constitui-se no símbolo da hospitalidade e da amizade do gaúcho. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.

           O homem branco, ao chegar no pago gaúcho, encontrou o índio guarani tomando o CAA, em porongo, sorvendo o CAÁ-Y, através do TACUAPI.   

       Podemos dizer, que o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o espírito democrático, é o costume que, de mão – em - mão, mantém acesa a chama da tradição e do afeto, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago do sul, chegando a ser o maior veículo de comunicação. 
       O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão do mate. Atualmente, por extensão passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto. 
       O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O Chimarrão é um hábito, uma tradição, uma espécie de resistência cultural espontânea.

       Os avios ou os apetrechos do mate constituem o conjunto de utensílios usados para fazer o mate. Os avios do mate são fundamentalmente a cuia e a bomba. 

A CUIA NOVA
             Quando a cuia é nova, é necessário curti-la antes de começar a matear. Para tal, é necessário enchê-la de erva-mate pura ou ainda misturada com cinza vegetal e água quente, que deve permanecer de dois a três dias, mantendo a umidade, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. O uso da cinza é para dar maior resistência ao porongo. Após o tempo determinado, retira-se a erva da cuia e, com uma colher, raspa-se bem o porongo, para retirar alguns baraços que tenham ficado. 

VOCABULÁRIO
Caá = erva-mate 
Caá-y = bebida do mate = chimarrão 
Tacuapi= bomba primitiva, feita de taquara pelos índios guaranis. 

O MATE E A SUA INTIMIDADE
       O ato de preparar um mate diz-se: “cevar um mate” ou “fechar um mate”, ou “fazer um mate” ou ainda ”enfrenar um mate”. A palavra amargo é muito usada em lugar de mate ou chimarrão. O convite para tomar um mate é feito das seguintes formas: 
Vamos matear?
Vamos gervear?
Vamos chimarrear?
Vamos verdear?
Vamos amarguear?
Vamos apertar um mate?
Vamos tomar um chimarrão?
Vamos tomar mate ou um mate
Que tal um mate?
  
EM RELAÇÃO A COMPANHIA, O MATE PODE SER TOMADO DE TRÊS MANEIRAS
MATE SOLITO : quando não precisa de estímulo maior para matear, a não ser a sua própria vontade. É o verdadeiro mateador.
MATE DE PARCERIA : quando se espera por um ou mais companheiros para matear a fim de motivar o mate, pois não gosta de matear sozinho. 
RODA DE MATE: é na roda de mate, que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material. Irmanados num clima de respeito, o mate integra gerações numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha. 

CHIMARRÃO É RICO EM POESIA
       Antigamente, Quando os namoros eram de longe, através de troca de olhares, os apaixonados utilizavam o mate como meio de comunicação e, de acordo com o que era posto na cuia, a mensagem era recebida e interpretada. Ao longo de sua história, o chimarrão é utilizado como veículo sutil de comunicação com objetivos sentimentais. 
       Atualmente, os costumes mudaram, mas o hábito do chimarrão permanece cada vez mais forte, caracterizando o povo gaúcho. 

SIGNIFICADO DOS MATES
* Mate com açúcar: quero a tua amizade
* Mate com açúcar queimado: és simpático 
* Mate com canela: só penso em ti 
* Mate com casca de laranja: vem buscar-me 
* Mate com mel: quero casar contigo 
* Mate frio: desprezo-te 
* Mate lavado: vai tomar mate em outra casa 
* Mate enchido pelo bico da bomba: vás embora 
* Mate muito amargo (redomão): chegaste tarde, já tenho outro amor 
* Mate com sal: não apareças mais aqui 
* Mate muito longo: a erva está acabando 
* Mate curto: pode prosear a vontade 
* Mate servido com a mão esquerda: você não é bem vindo 
* Mate doce: simpatia 

A LENDA DA ERVA MATE

       Contam que um guerreiro guarani, que pela velhice não podia mais sair para as guerras, nem para a caça e pesca, porque suas pernas trôpegas não mais o levavam, vivia triste em sua cabana. Era cuidado por sua filha, uma bela índia chamada Yari, que o tratava com imenso carinho, conservando - se solteira, para melhor se dedicar ao pai.
  
       Um dia, o velho guerreiro e sua filha receberam a visita de um viajante, que foi muito bem tratado por eles. À noite, a bela jovem cantou um canto suave e triste para que o visitante adormecesse e tivesse um bom descanso e o melhor dos sonos.
  
       Ao amanhecer, antes de recomeçar a caminhada, o viajante confessou ser enviado de Tupã, e para retribuir o bom trato recebido, perguntou aos seus hospedeiros o que eles desejavam, e que qualquer pedido seria atendido, fosse qual fosse.
  
       O velho guerreiro, lembrando que a filha, por amor a ele, para melhor cuidá-lo, não se casava apesar de muito bonita e disputada pelos jovens guerreiros da tribo, pediu algo que lhe devolvesse as forças, para que Yari, livre de seu encargo afetivo, pudesse casar.      O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvores de Caá e ensinou a preparar a infusão, que lhe devolveria as forças e o vigor, e transformou Yari em deusa dos ervais, protetora da raça guarani.
  
     A jovem passou a chamar-se Caá-Yari, a deusa da erva-mate, e a erva passou a ser usada por todos os componentes da tribo, que se tornaram mais fortes, valentes e alegres. 
   
RECIPIENTES PARA ÁGUA
CALDEIRA: recipiente grande, muito utilizada para aquecer grande quantidade de água, para diversas finalidades. é mais bojuda que o jarro, não possui tampa nem bico tubular. Os fogões à lenha possuem um recipiente chamado caldeira, que tem a mesma função da caldeira, semelhante ao jarro . 
CHALEIRA GRANDE: de uso semelhante ao da caldeira. É muito encontrada nas cozinhas da campanha, nos fogões de barro e nos galpões e nos braseiros do fogo de chão. Por ser muito grande, seu manejo é incômodo. 
CHALEIRA MÉDIA: Também conhecida por pava. Devido ao seu tamanho, é a mais usada, quer para aquecer a água, quanto para servir o mate. 
CHALEIRA PRETA DE FERRO: varia muito de tamanho e forma mas é o tipo mais comum. Com o uso, chega a criar uma crosta de picumã, que não deve ser removida, pois pode furar com facilidade. 
CAMBONA PRIMITIVA: estas cambonas vinham da Inglaterra, com chá-da-índia. Eram feitas de cobre e possuíam a parte de baixo arredondada e sua alça era deita de arame ou de lata. Serviam para preparar alimentos, aquecer água. Tem um refrão popular, que muito bem traduz o quanto à cambona é desajeitada, virando com muita facilidade, que é: “Cambona em cima de tição, tomarás mate ou não!” 
CAMBONA: pode ser feita de qualquer lata, pois sua finalidade é única e exclusivamente a de aquecer água, sem precisar de muito fogo. Sua confecção é simples, basta Um pedaço de arame passado várias vezes junto ao local da lata, deixando Um rabicho para pegar e está pronta a cambona. Alguns preferem improvisar um rabicho de arame na parte de cima ou uma alça de arame, prendendo em cima e em baixo da lata e ainda enfiam no rabicho ou na alça, um pedaço de osso de canela do gado, para evitar o calor ao pegar. A picumã, que adere à cambona, não deve ser retirado, pois enfraquece o recipiente. 
CHICOLATEIRA: A chicolateira é um recipiente usado nos fogões campeiros, para aquecer a água. Ela difere da cambona, uma vez que possui alça, tampa e um pequeno bico. É um utensílio que requer algum acabamento. È muito usada, não só nos galpões e cozinhas campeiras, como também por carreteiros e tropeiros. O termo chicolateira é uma corruptela de chocolateira. 



ALGUMAS DIZERES



O primeiro mate é dos pintos .  - como o gaúcho atira fora os primeiros sorvos de mate, serão os pintos os aproveitadores das partículas de erva cuspidas. 
O mate pra o estribo ou O mate o mate do estribo . O último mate com que se brinda um visitante, quando ele já está “com pé no estribo”, ou seja, pronto para partir.
  

Como o mate do João Cardoso . Emprega-se para designar um fato que nunca se realiza, uma promessa que nunca se cumpre.
  

Como o mate das senhoras Morais . Idêntico significado da frase anterior. As senhoras Morais, residente na povoação de Basílio, no município de Herval, quando recebiam visitas passavam a tarde inteira perguntando se os amigos queriam mate doce ou chimarrão, com erva paraguaia ou brasileira, em cuia de porcelana ou porongo... para, no final, nada oferecerem.
  

Toma mais um mate. Não te vás, é cedo ainda. 
Aquentar a água pra outro tomar mate. Preparar um negócio para outro pessoa colher os lucros. Emprega-se de modo especial para designar um namorado que “prepara uma moça para depois outro casar com ela...
  

A “erva”. O dinheiro.
Ele se encheu de “erva”. Ele ganhou muito dinheiro. Talvez um vestígio do tempo em que a erva supria a ausência de moedas sonantes.
Nem pra erva. No último grau de pobreza. Sem dinheiro se quer para comprar o artigo de primeiríssima necessidade quotidiana, que é a erva-mate.





OS DEZ MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO


1º - Não peças açúcar no mate. 
2º - Não digas que o chimarrão é anti-higiênico. 
3º - Não digas que o mate está quente demais. 
4º - Não deixes um mate pela metade. 
5º - Não te envergonhes do ronco do mate. 
6º - Não mexas na bomba. 
7º - Não alteres a ordem em que o mate é sorvido. 
8º - Não durmas com a cuia na mão. 
9º - Não condenes o dono da casa por tomar o primeiro mate. 
10º - Não digas que o chimarrão dá câncer na garganta.