sábado, 31 de agosto de 2013

Bombacha: Resumo histórico e origem.

Bombacha


Gaúchos em trajes típicos. Quando o homem usa botas, a bombacha vai por dentro das mesmas, como é mostrado.
bombacha é uma peça de roupa, calças típicas abotoadas no tornozelo, usada pelos gaúchos. O nome foi adotado do termo espanhol "bombacho", que significa "calças largas".
Pode ser feita de brimlinhotergalalgodão ou tecidos mesclados; de padrão liso, listrado ou xadrez discreto. As cores podem ser claras ou escuras, fugindo-se de cores agressivas, chocantes e contrastantes.
No Rio Grande do Sul, a bombacha, juntamente com toda a indumentária característica do gaúcho, é considerada traje oficial desde 1989, quando foi aprovada a Lei Estadual da Pilcha 1 pela Assembléia Legislativa. De acordo com a Lei, a pilcha gaúcha -- o conjunto de vestes tradicionais tanto masculino quanto feminino -- pode substituir trajes sociais -- ex. terno e gravata para os homens e vestidos de tecidos mais nobres para as mulheres -- em qualquer ocasião formal que ocorra no Rio Grande do Sul, inclusive reuniões das Assembléias Legislativas estadual e municipais, desde que se observe as recomendações ditadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho(MTG).

    Origens

    A época em que a bombacha começou a ser utilizada pelo gaúcho não é precisa. Existem várias versões para a sua origem.
    Uns afirmam que a bombacha foi introduzida por intermédio do comércio britânico na região do Rio da Prata, por volta de 1860, das sobras dos uniformes usados pelas forças coloniais, que copiavam as vestimentas dos povos conquistados. A bombacha seria, então, de origem turca, ou talvez espólio da Guerra da Criméia (como sustenta uma outra versão).
    Há também uma versão que diz que, durante a Invasão Moura na Península Ibérica, a calça larga teria se incorporado ao vestuário donorte da Espanha, na região chamada "La Maragateria" e depois trazida para a América do Sul pelos maragatos durante acolonização. Portanto, ela teria origem árabe.
    Por fim, a última tese é de que a bombacha teria vindo com os habitantes da Ilha da Madeira.
    No Rio Grande do Sul, a vestimenta passou a ser utilizada inicialmente pelos mais pobres, no trabalho nas estâncias, logo após aGuerra do Paraguai, por causa da sua funcionalidade. Depois, passou a ser usada por todos.

    Tipos de bombacha

    Gaúchos na lida campeira, vestindo bombachas
    • Na Fronteira - são largas, com favos-de-mel (adorno na lateral também conhecido como favos-de-abelha ou ninhos); na cintura se usa, na maioria das vezes, uma larga faixa preta de lã grossa; a guaiaca tem uma ou duas fivelas , uma bolsa ao lado esquerdo para o relógio de bolso, uma bolsa maior nas costas para carregar notas de dinheiro, meio-coldre e uma bolsa menor para carregar as moedas; a faca é usada atravessada às costas.
    • Na Serra - são estreitas e também possuem favos-de-mel; não se utiliza faixa na cintura; a guaiaca é muitas vezes peluda, o coldre é inteiriço e ao lado esquerdo há um lugar para a faca; as bolsas são encontradas nos mesmos lugares da guaiaca da Fronteira.
    • No Planalto e nas Missões - são de largura média e também possuem favos-de-mel na parte lateral; não se utiliza faixa na cintura; a guaiaca é idêntica à usada na Fronteira.

    Etiqueta

    De acordo com a Lei Estadual nº 8.813, de 10 de janeiro de 1989, a forma como a indumentária gaúcha tradicional deve ser utilizada deve seguir as recomendações do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), considerado a autoridade maior da preservação da cultura gaudéria. Entre os principais pontos, destacam-se:
    • a largura das pernas da bombacha devem coincidir com a medida da cintura; ou seja, uma bombacha com 40cm de cintura deve ter 40cm de largura em cada perna;
    • o uso de favos é opcional;
    • deve-se sempre utilizar a bombacha por dentro das botas;
    • é vedado o uso de bombachas coloridas ou plissadas, bem como de camisas de cetim e estampadas, de bonés ou boinas e túnicas militares, quando se está vestindo a pilcha gaúcha;
    • não é recomendado o conjunto todo em cor preta (botas, bombacha e camisa), caracterizando o que se chama popularmente porzorro;
    • é vedado o uso de bombachas por mulheres em ocasiões formais e fandangos.
    ORIGEM A "bombacha" teve origem com os samurais (Japão); passou para a cavalaria otomana (Turquia); alastrou-se para os beduinos (Arábia); acompanhou os árabes na invasão à Ibéria (Portugual e Espanha); passou para a América do Sul (Paraguai, Argentina e Rio Grande do Sul). No Rio Grande do Sul há cinco tipos de "bombacha": 1- Larga - na serra (estilo serrano); 2- Missioneira - plissada (nas Missões); 3- Fronteiriça - preguiada (estreita ao estilo argentino); 4- Centrista - média (nem larga, nem estreita e sem requifiques); 5- Litorânea - com botões ou moedas por sobre as pacholas.
    NOTA: As "pacholas" são os enfeites laterais do próprio tecido; podem ser de gaitinha ou de favos
    Fonte de pesquisa: Wikipédia a enciclopédia livre

    A História de Bombacha – Coluna do Arno

    Algumas gravuras antigas nos mostram guerreiros de Gengis Khan usando bombachas enquanto cavalgavam seus pequenos pôneis durante suas incursões guerreiras.
    Quando os árabes invadiram a península ibérica, seus exércitos também usavam bombachas. Esses sábios bombachudos ficaram na península em torno de 600 anos, principalmente na Espanha, e uma das versões mais aceitas é de que a bombacha entrou na península Ibérica através da invasão dos árabes pelo norte da Espanha na região chamada “La Maragateira” e depois trazida para a América do sul pelos “maragatos”
    Durante a expulsão dos Mouros (árabes) da Europa, os espanhóis nobres faziam questão de não usar bombachas, pois dessa forma se contrapunham à cultura do invasor e se tornavam iguais ao restante da “nobreza européia”.
    Quando Napoleão Bonaparte invadiu o Egito (1803), nas primeiras batalhas sofreu algumas derrotas. A partir daí passou a observar os combates para descobrir onde seus soldados estavam falhando. Percebeu que seus soldados de cavalaria com os uniformes apertados e colados ao corpo eram menos ágeis que os ginetes mouros, vestidos com mantos e calças largas “bombachas”, pois com elas eram livres em seus “corcéis” e dessa forma manuseavam a cimitarra com extrema habilidade. Ao retornar à Europa, a cavalaria de elite de Napoleão usava bombachas como também sua guarda de honra. Turcos, russos, indianos, ucranianos, cossacos e afegãos também a usavam e ainda usam nos dias de hoje.
    Há uma história de que foram os Ingleses que difundiram a bombacha na América do Sul, mas na verdade eles não a difundiram como cultura e sim como mercadoria de comércio, pois a venderam como uniforme para os soldados da tríplice aliança que lutaram na guerra que eles promoveram contra o Paraguai.
    A roupa mais parecida com bombacha e que os Europeus inventaram é o “Coolote”, muito usado pelos militares de cavalaria e para o jogo de pólo. Daí vem o ditado: “Coolote é bombacha de gringo”.
    Em busca de mercados para suas indústrias, os ingleses mergulharam em uma guerra juntamente com os franceses, turcos e sardenhos contra a Rússia que também tentava expandir seu império buscando uma saída para o mar.
    Conhecida como a Guerra da Criméia, foi desta empreitada que sobraram as calças largas – bombachas – que os ingleses venderam para os Exércitos da Tríplice Aliança que guerrearam com o Paraguai.
    Quando os Jesuítas chegaram ao território missioneiro, hoje Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, os índios que aqui habitavam eram os Charruas e Minuanos, povo que vivia ainda na idade da pedra. Usavam uma vestimenta muito simples e rústica; os homens vestiam-se com uma espécie de calçote, chamado “caiapi” feito em rústicos teares e o material era de procedência vegetal, amarrado na cintura com cordas de couro ou também de vegetal. Assim nos escreve a historiadora Ítala Becker, em seu livro “Os índios Charruas e Minuanos na antiga Banda Oriental do Uruguai”.
    Os guaranis que vieram para cá acompanhando os Jesuítas que vinham do Paraguai, usavam uma roupa híbrida, isto é uma mescla de roupa nativa com um toque de roupa civilizada, uma calça de algodão e por cima uma espécie de saiote amarrado entre as pernas e na cintura, com o nome de “xiripá”. Este sim foi largamente usado, principalmente pelos ginetes guaranis em suas lides de campo.
    Até o final do século XIX, peões rio grandenses, argentinos e uruguaios ainda usavam o “xiripá” que só foi desbancado pela “bombacha” após a Guerra do Paraguai. E tenho a certeza de que foi a única coisa que os gaúchos trouxeram em sua triste bagagem desta “guerra infame” que não trouxe nenhuma glória para os homens de bem aqui do garrão sul americano.
    Os coronéis, “senhores da casa grande” não usavam bombachas, pois era considerada roupa inferior; só os peões a usavam, aliás, nas festas da casa grande, ninguém usava bombacha por ser destinada para ser usada no galpão.
    Só recentemente, no Rio Grande do Sul a bombacha passou a ser considerada roupa social, através de uma lei do governador Amaral de Sousa (1989).
    Os árabes desfilam no mundo inteiro, com seus mantos e bombachas e são admirados e respeitados. Nós, gaúchos rio grandenses, uruguaios e argentinos, adotamos a bombacha para fazer parte da nossa indumentária com a qual nos identificamos em qualquer parte do mundo. Porém, ainda sofremos olhares pejorativos quando com bombachas frequentamos algum ambiente considerado de “cola fina” (granfino).
    Quando viajo, visto bombacha ou a carrego comigo na bagagem, pois tenho orgulho em ser “Gaúcho” e integrar a comunidade mundial dos bombachudos.

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